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segunda-feira, 4 de julho de 2011

A violência e o fenômeno do escapismo das elites nas cidades brasileiras

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); órgão oficial do Governo Federal responsável pelos censos demográficos no Brasil, cidade é qualquer comunidade urbana caracterizada como sede de município independentemente de seu número de habitantes, sendo a parte urbanizada de seus distritos considerados prolongamentos destas cidades.
As cidades têm sido constante palco da violência nos últimos tempos. Essa violência das cidades brasileiras pode se expressar nas brigas de trânsito, nos assaltos, nos homicídios, no tráfico, nas brigas de torcidas rivais, no abuso das autoridades policiais e em muitos outros casos observados nestas áreas urbanizadas.
Este fenômeno é influenciado por diversos fatores, entre eles: o desemprego, a deficiência na educação, a falta de investimento em políticas de segurança pública, o desenvolvimento de uma “economia paralela” (tráfico de drogas, comércio de mercadorias roubadas ou falsificadas) e o “consumo” da violência através dos meios de comunicação, internet, vídeo-games e computadores.
Segundo Wieviorka (2006), as representações do fenômeno da violência mudam e novas formas de violência surgem a cada dia. Com isso, modificam-se também as maneiras de se perceber este fenômeno. Estas mudanças são fruto das transformações que ocorrem na sociedade como um todo e vão ser percebidas de diferentes maneiras de acordo com fatores como cultura, classe social, segurança, política, entre outros. É importante que haja uma mobilização para tentar entender melhor o fenômeno, pois isso "(...) faz com que a violência seja cada vez mais considerada aquilo que afeta existências singulares, pessoais ou coletivas, e não apenas, como com frequência ocorre, aquilo que põe em questão a ordem social ou política, o Estado que supõe dela deter o monopólio legítimo."
Também em virtude desta realidade de violência nos espaços urbanos, observa-se uma intensificação no processo de auto-segregação da população, principalmente no caso das camadas mais abastadas. Muitas pessoas tentam “escapar” deste sentimento de insegurança que ronda as cidades brasileiras e buscam novos espaços residenciais que possam fornecer algum tipo de segurança, na maioria dos casos, os condomínios.
Segundo Souza (2000):
“A criminalidade e a insegurança parecem confundir-se com a imagem da cidade tradicional, e o seu agravamento, a partir da década passada, tem feito dessa problemática um fator de estímulo à auto-segregação cada vez mais poderoso.”

Um dos casos de auto-segregação mais conhecidos no estado de São Paulo é o exemplo do Complexo de Alphaville, que corresponde a um dos mais antigos condomínios exclusivos da metrópole. Já no caso do estado do Rio de Janeiro podemos citar os numerosos condomínios da região da Barra da Tijuca. Nos dois casos de “escapismo” das elites, os conjuntos residenciais contam com diversas facilidades que reforçam ainda mais a segregação destes moradores, tais como: agentes de seguranças, quadra de esportes, salões de festas, academias, piscinas, lojas, entre outros.
O escapismo, ainda de acordo com Souza (2000, p.206), é configurado pelo “desejo de apartar-se, deixando de fora de seu território tudo o que for supostamente feio ou perigoso” (...). Assim, estas práticas passam a ser cada vez mais freqüentes na realidade urbana brasileira.
Até os setores mais populares começam a buscar soluções de escapar desta constante “sensação de insegurança”. Já existem, em bairros predominantemente populares, ruas protegidas por grades e portões, às vezes com guaritas, seguranças particulares...o fenômeno da auto-segregação passa a ser algo comum ás diversas classes sociais existentes.
Enfim, em vista desta nova realidade social faz-se cada vez mais necessário buscar alternativas individuais para amenizar o sentimento da falta de segurança dos citadinos, uma vez que o Estado apresenta-se como insuficiente para tratar a questão da violência, que a cada dia traz novas configurações.
Por: Tábatha Pinho

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

·        WIEVIORKA, Michel. Violência hoje. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2006, vol.11, suppl., pp.1147-1153.
·        Marcelo Lopes de Souza, O desafio metropolitano: um estudo sobre a problemática sócio-espacial nas metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2000.

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